Quando a pandemia começou, o restaurante Dona Angola, de Gabriel Cicone, funcionava há pouco mais de um ano e ainda não contava com um serviço de delivery. Depois de erros e incertezas, Cicone conseguiu montar um modelo de delivery que fizesse sentido para o estabelecimento: apostou em parcerias com dois grandes aplicativos de delivery (iFood e Uber Eats) e também com o Goomer Go, solução em que os pedidos são enviados diretamente ao WhatsApp do estabelecimento.
Atualmente, Cicone prefere utilizar a plataforma própria, que tem como principal diferencial não precisar pagar taxa pelos pratos vendidos. “Sinceramente, o iFood é igual Coca-Cola, tem outros parecidos, mas não adianta, temos que estar lá. A gente está na plataforma, mas damos preferência para o nosso canal próprio que não cobra comissão”, afirmou Cicone.
Especialistas ouvidos pelo 6 Minutos afirmam que incorporar novas soluções de delivery é essencial para melhorar a competitividade do estabelecimento. Por isso, muitos restaurantes estão seguindo por esse caminho.
“O formato de marketplace, como o iFood, vai continuar existindo, mas é problemático ter mais 20% de vendas dependendo de um player só”, afirma o CEO do Goomer, Felipe Maia Lo Sarlo.
A saída é diversificar. “Eu aconselho o restaurante utilizar, dentro do possível, o maior número de canais que der conta. De quatro a cinco é um bom número. Deve estar nos aplicativos líderes e ficar de olho nos que estão chegando”, orienta o conselheiro da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) Célio Salles.
Também é importante fortalecer as redes sociais e cadastrar o cardápio do restaurante, de forma gratuita, na plataforma Google Meu Negócio. A reportagem entrou em contato com o iFood para falar sobre o aumento da concorrência e as reclamações sobre taxas cobradas, mas a empresa não quis comentar.
Quais as possibilidades disponíveis no mercado para melhorar o delivery?
Aplicativos tradicionais de delivery, tanto os consolidados como os que estão entrando no mercado
— Softwares proprietários
— WhatsApp Business
— Redes sociais
— O bom e velho canal telefônico de atendimento
— Os aplicativos de delivery mais novos são interessantes, porque possuem taxas mais baixas do que os grandes, diz Salles.
Ao optar por softwares próprios, o empresário diminui a dependência do marketplace e também cria uma boa base de dados dos clientes, facilitando na hora de criar estratégias de venda.
Os custos também são mais baixos: os restaurantes pagam taxas sobre as vendas nos aplicativos de delivery – no WhatsApp, por exemplo, não há nenhuma cobrança.
Redes sociais são importantes? Com certeza. “O WhatsApp e o Instagram são líderes em comércio de vizinhança”, diz Salles. Para o conselheiro, estes são canais excelentes principalmente para os clientes fiéis da marca, pela ausência de taxas e pelo diálogo mais pessoal.
O head de políticas públicas para o WhatsApp no Facebook Brasil, Dario Durigan, diz que a pandemia acelerou a entrada de novos restaurantes e bares no WhatsApp Business.
“O serviço vem crescendo por aumentar a produtividade e os resultados para estes negócios e, também, por trazer praticidade e comodidade para os consumidores. É a satisfação da experiência do usuário que consolida essa tendência”, afirma Durigan.
O WhatsApp, segundo ele, entra como um aliado para o comércio e não tem a pretensão de se tornar um substituto direto dos serviços de delivery.
Quais as dificuldades dos bares e restaurantes com o delivery? “A gente sentiu uma dificuldade grande de unificar e falar a mesma linguagem nas plataformas. A gestão disso é uma coisa que fomos aprendendo com o tempo, não é simples de se fazer”, diz Cicone.
Para Salles, são quatro as principais dores dos estabelecimentos:
— Altas taxas e um ambiente de concorrência elevada nos aplicativos;
— Dificuldade para operar pedidos multiplataforma;
— Falta de transparência dos aplicativos de delivery;
— Problemas com logística de entrega, principalmente nos horários de pico.
Fonte: 6 Minutos